O Diretor de Sistemas Regionais da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Umberto Semeghini, disse nesta terca-feira que a empresa vai recorrer das duas multas recebidas da Prefeitura da Cidade do Guarujá por causa de dois vazamentos na tubulação de esgoto da cidade. O problema já foi solucionado, mas os vazamentos afetaram diretamente nas praias de Pitangueiras e Enseada.
“Não tivemos problema de manutenção, o sistema de drenagem do município que não foi suficiente para suportar a grande quantidade de água da chuva e essa água acabou se infiltrando no nosso sistema”, disse Semeghini, completando que estranhou o posicionamento da prefeitura em aplicar as multas que totalizam R$ 303 mil a Sabesp.
“Estamos fazendo um trabalho muito forte em parceria com a prefeitura, como o canal limpo, que detecta ligações clandestinas de esgoto. Eles conhecem nossos esforços na manutenção de tudo”, afirmou.
Porém, segundo o diretor, é muito difícil evitar que o esgoto do Guarujá não termine nas praias porque um terço do que é produzido na cidade não recebe tratamento. “Cem por cento do esgoto coletado pela Sabesp é tratado, mas um terço da cidade são moradias irregulares que não recebem tratamento. À medida que essa regularização é feita, a prefeitura avisa e a Sabesp instala a infraestrutura, mas essa regularização também precisa ser agilizada.”
Diarreia
De acordo com o infectologista Evaldo Stanislau Affonso de Araujo, do hospital Ana Costa, de Santos, não é possível afirmar que o direcionamento do esgoto vazado para o mar pode ter causado o aumento de casos de diarreia esse ano na cidade.
“Não dá para afirmar que seja a causa específica da diarreia. Entretanto, é evidente que uma condição sanitária precária contribui, além do fato em si ser indesejável. Isso funciona como sentinela de que o sistema sanitário da região não é bom”, disse o médico, completando que além da água do mar contaminada, a ingestão de comida lavada indevidamente e o acúmulo de pessoas também contribuem com a proliferação desse tipo de doença.
“Não existe apenas um fator, mas um conjunto de fatores que se traduzem por essa época do ano. Essa é uma doença sazonal, todo verão tem esse tipo de ocorrência, o que está sinalizado é que falta investimento em infraestrutura sanitária”, afirmou.
De acordo com a prefeitura, desde o dia 3 de janeiro, 997 pessoas já foram atendidas com diarreia nos hospitais do município, número inferior ao registrado no surto do verão passado, quando foram registrados 2.109 casos no mesmo período.
Fonte: Jornal a Tribuna