OAB ajudará na apuração dos assassinatos de políticos de Guarujá

Seis disparos calaram o vereador Luís Carlos Romazzini (PT) – uma das poucas vozes da oposição a resistir em guia Guarujá – na madrugada de 26 de novembro de 2010. No último dia 8, Ricardo Joaquim de Oliveira, exonerado do cargo de secretário de Coordenação Governamental do Município no dia 1º, foi sumariamente executado quando participava de uma reunião do diretório de seu partido, o PPL, por volta das 20h30, em Vicente de Carvalho.

Além da forma brutal como foram executados e das especulações indicando possível motivação política, eles tinham outra similaridade: eram advogados. E as dúvidas e as circunstâncias dos crimes inquietam a advocacia paulista, que decidiu intervir nas investigações para tentar identificar os autores dos assassinatos.

Por essa razão, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) designou que a Comissão de Acompanhamento de Inquérito dos Advogados Vítimas de Homicídios ajude a Polícia Civil de Guarujá a elucidar os casos.

Por sua vez, a advocacia paulista também pedirá à Promotoria Geral de Justiça que destine um promotor público para se dedicar exclusivamente aos dois episódios. A investigação da execução de Joaquim e o processo criminal do assassinato de Romazzini tiveram sigilo decretado.

“Confio na figura do delegado (titular da Cidade) Cláudio Rossi, que é um experiente policial. Contudo, acho que ele pode dispor de todo o aparato tecnológico hoje utilizado pelas polícias Militar, Civil e Federal. É necessário que se avance nas investigações”, resume o presidente da OAB/Guarujá, Frederico Gracia.



O representante dos advogados guarujaenses quer que as investigações sejam aprofundada. Para ele, os assassinatos tiveram motivação política, cuja ação foi orquestrada e executada por encomenda. “Por ter uma característica de mando, tem que se chegar ao mandante. Porquê, se ele não for capturado, a impunidade continuará e os crimes não vão parar”.

Sob ordens

A hipótese de Joaquim ter sido executado sob ordens é a que mais convence o presidente da OAB/Guarujá. A linha de raciocínio é embasada por uma conversa que ele teve com o ex-secretário, um dia antes da publicação da exoneração de suas funções públicas (veja abaixo).

“Senti que ele queria desabafar, e fez algumas queixas. Nenhuma diretamente à prefeita – em nenhum momento disse algo que pudesse pôr em dúvida a conduta de (Maria) Antonieta (de Brito – PMDB). Manifestou, em linhas gerais, a sua insatisfação com os rumos políticos da Cidade”.

O armamento utilizado e a forma como o autor do crime se portou reforçam as suspeitas de Gracia. “Era uma arma de uso exclusivo (das Forças Armadas). Os disparos foram em pontos vitais e executados com presteza. Não resta dúvida de que o executor trabalha com segurança pública e sabe manejar arma com perfeição”.

Caso se confirme essa tese, Gracia acredita ser reduzido o leque de eventuais suspeitos. “Cerca de 80% da população de Guarujá não têm condições de contratar um mandante de um crime”.

Advogados mortos

Segundo Gracia, quatro advogados foram assassinados na Cidade, nos últimos cinco anos. “Nem na escuridão da ditadura (militar, 1964-1985) se encontrou um quadro tão assustador como o atual”, disse ele, comentando que. desde 2005, cerca de 40 advogados foram assassinados no Estado. O último caso aconteceu na Zona Leste da Capital.

Fonte: Jornal A Tribuna





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