Lei que proíbe a permanência de animais na praia é ignorada no Guarujá

Passear com cachorro pela areia da praia do Guarujá é proibido por lei há mais de 20 anos. Porém, essa determinação ainda divide opiniões e é ignorada pelas pessoas, tanto pela falta de fiscalização quanto pela falta de placas de alerta.

A lei é clara. Proíbe a permanência ou trânsito de animais na faixa de areia das praias do Município. Além disso, estipula que todos os animais encontrados sejam encaminhados ao setor de zoonoses da Prefeitura. Os animais levados só podem ser retirados pelos donos após o pagamento de multa no valor de R$ 300,00.

O aposentado Mario Curti Filho concorda com a proibição. Ele mora próximo à Praia dos Milionários e está acostumado a ver cachorros “tomando banho de mar”. Curti afirmou que durante a noite, animais de grande porte passeiam livremente com seus donos à beira-mar. Com relação à fiscalização, Curti é taxativo. “Nunca vi nenhuma placa e nenhum tipo de fiscalização. Isso não existe por aqui”.

Já o mecânico Nilton da Silva, morador da Vila Margarida, considera normal levar o cachorro à praia. “Acho que não tem problema nenhum. O cachorro é bem cuidado e não ataca ninguém”. Questionado sobre a proibição, ele disse que não conhece a lei e nunca foi informado sobre a infração. “Eu não venho sempre, mas, de vez em quando, passo aqui para me refrescar e ele (o cachorro) também”.

Há quem argumento que a praia é pública e, portanto, livre para todos. É o caso do aposentado Cláudio Ribeiro. que está acostumado a levar o cachorro para a praia nos finais de semana. “Ele fica quietinho, embaixo do guarda-sol. Não faz mal à ninguém”, afirmou o aposentado.



Ele alega que existem outros problemas mais graves para serem combatidos e afirma que aplicar a lei é perda de tempo. “Se querem tirar os cachorros, vão ter de tirar também quem fuma maconha na praia ou quem rouba. Esses também não respeitam as leis”.

Mal à saúde

Os especialistas em saúde animal condenam a prática. Para a veterinária Alessandra da Silva Gonçalves, os dois lados saem prejudicados. “Levar cachorro para a praia faz mal para os animais e nem para os banhistas”.

Ela se refere às doenças que podem ser causadas pelo contato com fezes e urina de animais, como bicho geográfico e alergias. Além disso, explica que o contato do animal com o mar e com a areia pode causar micoses e dermatites (inflamações na pele) fúngicas e alérgicas nos bichos.

“Os animais bebem água do mar, que pode estar contaminada. Além disso, eles retêm água nos ouvidos, o que pode causar otites (inflamações no ouvido) bacterianas. São muitos os perigos”.

Outro problema é que os cães tem poucas glândulas sudoríparas e quando estão expostos ao calor, resfriam o corpo pela boca. A respiração fica ofegante e muitas vezes os batimentos cardíacos se aceleram.

Segundo Alessandra, no verão, 70% dos atendimentos são relacionados à exposição de animais ao sol excessivo. “Muita gente de São Paulo traz o cachorro e não se preocupacomo calor. Algunsqueimam os coxins (espécie de almofadas das patas dos cães) no asfalto e na areia quentes”.

Fonte: Jornal a Tribuna





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